segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Até tu, Brunus?" by Douglas

Este texto pertence a um blog que costumo visitar várias vezes: O Cacifo do Paulinho

"Escrevo-te enquanto o Sporting joga à bola. Para sublinhar o simbolismo da tua iniciativa. Há dois Sportings – e não me refiro à tua bizarra distinção entre o Sporting e o Sportem, o primeiro dos sócios e o segundo dos que estão no poder dentro do clube, uma teoria parva e desmentida pela existência de gente como Sousa Cintra, Paulo Bento ou o sr. da mercearia da minha rua. Há dois Sportings porque há o clube que joga à bola e o clube que gere o jogo da bola.
O clube que joga à bola está ali, a dar na TV. (E esta, do Carriço a trinco, gostas?) E eu estou aqui, a perder tempo com o clube que gere o jogo da bola. Primeiro, porque o Sporting joga mal à bola. Segundo, porque para jogar bem à bola precisa que haja competência na sua gestão. E paz. Este é o conflito, o dilema insanável, para mim, na tua iniciativa.

Tenho dúvidas sobre a tua competência, mas votei em ti de olhos fechados. E, para mim, ganhaste. Moralmente, és o presidente do Sporting, porque tiveste mais votantes que o presidente empossado. O sistema dos votos “aditivados” está errado. Mas eram as regras do jogo, que também te podiam ter beneficiado, se tivesses sabido fazer uma campanha mais “adulta”. Se tivesses sido mais convicente sobre a tua competência.

Não tenho dúvidas sobre a falta de paz que trouxeste ao clube. Isso não é necessariamente mau. O Sporting estava num estado que precisava de uma boa guerra: de ideias, propostas, projectos, atitudes, personalidades. Mas não teve nada disso. Teve uma guerra intestina. Nisso não estás inocente, mas os outros são muito mais culpados.

Portanto, não garantes competência e não trazes paz. Precisavas de ter ganho por goleada, para contornar estas duas questões. E para aguentares o terrorismo que se ia seguir à tua tomada de posse. Não conseguiste (este Postiga continua em grande, ficavas com ele no clube?).

Li as entrevistas todas de hoje. Sobre o que se passou há uma semana, as tuas revelações deviam ter sido feitas no dia seguinte. Aí, erraste. Porque deixaste que o Godinho e os seus campangas cristalizassem a “vitória” sem contraditório (a tua convicção na violência subsequente é ingénua). Sobre a contestação jurídica, deixas-me desiludido. Não dizes o fundamento, não falas em factos, falas em versões e desmentidos. Eu acho que tens razão. Mas “acho”. Não sei. A discrepância entre os votos registados e os finais já foi explicada. Eu não acredito, mas foi explicada e seria (será?) explicada em tribunal. Fica sujeita à interpretação e credibilidade. (já viste o golo que o Djaló falhou, incrível não é?)

Eu quero paz e respeito pelo clube. O recurso aos tribunais não traz nem paz, nem respeito. Trará justiça? Duvido. Vai parar o clube (essa de quereres que o Duque fique se o resultado das eleições for suspenso é ridícula, ó Bruno, então só suspendes o que te interessa?), vai atrasar a próxima época e vai continuar a fazer do clube uma piada nacional.

Mas o que querias então que fizesse? oiço-te perguntar de forma silenciosa. Aquilo que, suspeito, vais acabar por fazer. Mudar por dentro. Ires a uma AG, dar força à palavra dos teus sócios (agora com a garantia de a mesa ser tua), mudares as regras inquinadas do jogo, servires de (penalty!) de oposição coerente, de vigilância activa, preparares a tua ascensão ao poder. Sem guerras, mas numa paz intensa e rica.

(Golo! Ganda Matias! Tenho tantas saudades do Sporting, da bola, percebes?)

Espero que não te deixes inquinar pela tua própria ambição. Eu não gosto do Godinho, preferia que estivesses lá tu, não gosto do Domingos, preferia que fosse o Van Basten (ou, melhor, o preparador físico que vinha com ele), não gosto do poder da banca, preferia que fossem os russos. Mas não me importo com o Duque (como tu, pelos vistos), nem com o Manuel Fernandes (como tu, imagino), por exemplo.

E, sobretudo, não me importo de me preocupar exclusivamente com o que se passa ali na TV. Estou cansado de levar o Sporting demasiado a sério. Não leves a mal, mas eu preciso do Sporting para me entreter nos intervalos da minha vida a sério, que já me dá muito trabalho, demasiado até. Percebes isso, não percebes? Torço por ti, sou um “carvalhista”, mas acima de tudo sou um cidadão, um contribuinte, um profissional por conta de outrem, um filho, um neto, um amigo, um namorado (sem ordem de prioridades). E, para o que interessa aqui, um sportinguista. Isto tudo vem à tua frente. E não quero que até tu, Brunus, me tires o Sporting que eu preciso. O Sporting que joga à bola. Olha, vou ali ver o livre do Matias… (ahhhh… quase… ele é que é o maior!).

Abraço, deste que te preza."

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